Brasil na capa da Economist: Julgamento de Bolsonaro 'dá lição aos EUA de maturidade democrática'

Por BBC News Brasl

Capa da revista britânica The Economist: "O que o Brasil pode ensinar aos EUA"

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  • Author,
  • Julia Braun
  • Da BBC Brasil em Londres


O ex-presidente Jair Bolsonaro e o julgamento da ação penal na qual ele é acusado de liderar uma suposta tentativa de golpe de Estado são o foco da capa da revista britânica The Economist desta semana.

Na publicação, o ex-presidente é retratado com o rosto pintado com as cores do Brasil e com um chapéu igual ao que usava o "viking do Capitólio", um dos apoiadores do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ficou conhecido por ter participado assim da invasão ao Congresso americano em 6 de janeiro de 2021.

Em suas páginas, a revista traz uma longa reportagem sobre a trajetória política brasileira e a investigação contra Bolsonaro e seus aliados.

Em um segundo texto, com tom opinativo, a Economist discute ainda as diferenças entre a forma como os Estados Unidos lidaram com as ameaças contra a sua democracia, após os ataques ao Capitólio em 2021, e a conduta adotada pelo Brasil nos últimos meses.


Com o título "Brasil oferece aos Estados Unidos uma lição de maturidade democrática", o editorial descreve a condução do processo penal contra Bolsonaro e seus aliados como uma "fantasia da esquerda americana".

"Os Estados Unidos estão se tornando mais corruptos, protecionistas e autoritários — com Donald Trump, esta semana, mexendo com o Federal Reserve (Fed) e ameaçando cidades controladas pelos democratas. Em contraste, mesmo com o governo Trump punindo o Brasil por processar Bolsonaro, o próprio país está determinado a salvaguardar e fortalecer sua democracia", diz a Economist.

A revista britânica descreve ainda Jair Bolsonaro como "polarizador" e o "Trump dos trópicos" e afirma que o ex-presidente brasileiro e "seus aliados, provavelmente, serão considerados culpados" pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Ainda segundo o texto, o plano contra a democracia brasileira pelo qual Bolsonaro é acusado "fracassou por incompetência, e não por intenção".

Bolsonaro e todos os outros acusados negam as acusações. O julgamento está marcado para começar na próxima terça-feira (2/9).


"Os Estados Unidos estão se tornando mais corruptos, protecionistas e autoritários — com Donald Trump, esta semana, mexendo com o Federal Reserve (Fed) e ameaçando cidades controladas pelos democratas. Em contraste, mesmo com o governo Trump punindo o Brasil por processar Bolsonaro, o próprio país está determinado a salvaguardar e fortalecer sua democracia", diz a Economist.

A revista britânica descreve ainda Jair Bolsonaro como "polarizador" e o "Trump dos trópicos" e afirma que o ex-presidente brasileiro e "seus aliados, provavelmente, serão considerados culpados" pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Ainda segundo o texto, o plano contra a democracia brasileira pelo qual Bolsonaro é acusado "fracassou por incompetência, e não por intenção".

Bolsonaro e todos os outros acusados negam as acusações. O julgamento está marcado para começar na próxima terça-feira (2/9).


Quando os casos foram abertos, o republicano já se preparava para ser candidato às eleições de 2024, e os processos não chegaram a ser concluídos antes de ele voltar à Casa Branca no início deste ano, após derrotar a democrata Kamala Harris nas urnas.

Trump não foi acusado de sedição — possibilidade que era a principal ameaça à sua candidatura, já que a 14ª Emenda da Constituição proíbe quem "tiver se envolvido em insurreição ou rebelião" contra o governo de ocupar cargos civis ou militares em gestões federal ou estadual. E como não há instrumento similar à Lei da Ficha Limpa brasileira nos EUA, os indiciamentos não afetaram a campanha do americano.



O atual presidente dos EUA ainda foi julgado pelo Congresso em dois processos de impeachment em 2021, após o fim do seu primeiro mandato, mas foi absolvido pelo Senado americano. O efeito prático de uma condenação naquele momento poderia ser a perda de seus direitos políticos.

Quando trump assumiu os processos foram extintos, após a Suprema Corte dos Estados Unidos decidir que ex-chefes de Estado têm imunidade absoluta contra processos por ações tomadas oficialmente como presidente durante o mandato.

Logo após sua posse no início deste ano, Trump anunciou sua decisão de perdoar ou atenuar as sentenças de quase 1,6 mil pessoas envolvidas na invasão do Capitólio.

Já Bolsonaro foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2023 por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante reunião realizada no Palácio da Alvorada com embaixadores estrangeiros em 2022.



No julgamento previsto para a próxima semana, o ex-presidente brasileiro é acusado de cinco crimes relacionados a um suposto plano de golpe de Estado para impedir Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de assumir o poder após as eleições de 2022.

Entre os crimes imputados ao ex-presidente estão liderança de organização criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

Os dois últimos se referem aos ataques de 8 de janeiro de 2023 contra as sedes dos Três Poderes da República. Na ocasião, milhares de apoiadores radicais de Bolsonaro, insatisfeitos com a eleição e posse do presidente Lula, invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso e o STF — em um episódio amplamente comparado ao que aconteceu em 2021 em Washington.


O que o Brasil pode ensinar aos EUA, segundo a Economist


Segundo a Economist, o Brasil é "um caso de teste de como os países se recuperam de uma febre populista".

"Na Polônia, dois anos após a perda do poder do partido Lei e Justiça (PiS), uma coalizão liderada por Donald Tusk, um centrista, está sendo limitada por um novo presidente do PiS. No Reino Unido, o Brexit agora é impopular, mas Nigel Farage, o político que o inspirou, lidera nas pesquisas. Nem mesmo o massacre do Hamas em 7 de outubro de 2023 conseguiu tirar Israel de suas amargas divisões".

Mas, segundo o texto, o país que mais viveu momentos semelhantes ao Brasil é os Estados Unidos. E de acordo com a publicação britânica, as duas nações "parecem estar trocando de lugar".

Para a Economist, o passado recente com uma ditadura militar pode ajudar a explicar porque a reposta às ameaças à democracia em território brasileiro foi mais forte.


"Além disso, a maioria dos brasileiros não tem dúvidas sobre o que Bolsonaro fez. A maioria acredita que ele tentou dar um golpe para se manter no poder", diz a revista, afirmando ainda que mesmo os políticos conservadores do país, que precisarão dos votos dos apoiadores de Bolsonaro para vencer as eleições de 2026, criticam o "estilo político" do ex-presidente.

E, segundo a publicação, esse "reconhecimento abriu a oportunidade de reforma" no Brasil, pois "a maioria dos políticos brasileiros, tanto de esquerda quanto de direita, quer deixar para trás a loucura de Bolsonaro e sua polarização radical".


O papel do STF


Mas segundo a Economist, um dos pontos-chave para uma mudança institucional no país passa pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que é descrito pela revista como "guardião da democracia brasileira".

O editorial afirma que a corte "supervisiona uma gama estonteante de regras, direitos e obrigações" e pode receber casos de grupos que vão de sindicatos a partidos políticos.


O texto cita ainda o caso conhecido como Inquérito das Fake News, aberto pelo STF para investigar notícias falsas e ameaças contra os membros da Corte e seus familiares. Segundo a revista, os próprios magistrados abriram o caso, tornando-se ao mesmo tempo "vítima, promotor e juiz".

"Para lidar com uma carga de trabalho de 114.000 decisões somente em 2024, a maioria das decisões vem de juízes individuais. Há amplo reconhecimento de que juízes não eleitos, com tanto poder, podem corroer a política, bem como salvá-la de golpes. Os próprios juízes veem a necessidade de mudança."


A Economist segue afirmando que "consertar" o STF "será difícil", mas que há mais obstáculos para uma reforma no Brasil, como uma "incontinência fiscal crônica, em particular isenções fiscais descontroladas e aumentos automáticos de gastos" e a polarização nacional.

"Mesmo que as elites queiram mudanças, o Brasil ainda é um país profundamente dividido. Bolsonaro tem apoiadores fanáticos que causarão problemas, especialmente se o tribunal impor uma sentença severa. Reformar o Supremo Tribunal Federal e a Constituição exige que grupos abram mão do poder em prol do bem comum", diz o editorial.


Por isso, tensões seriam inevitáveis. "Mas, ao contrário de seus colegas nos Estados Unidos, muitos dos políticos tradicionais do Brasil, de todos os partidos, querem seguir as regras e progredir por meio de reformas."

Segundo a Economist, essas são as marcas da maturidade política. "Pelo menos temporariamente, o papel do adulto democrático do hemisfério ocidental mudou para o sul."

Edição da Economist desta semana também traz uma longa reportagem sobre a trajetória política brasileira e a investigação contra Bolsonaro e seus aliados.


Estratégia de Trump 'sairá pela culatra'


Outro empecilho na trajetória do Brasil apontado é o presidente americano Donald Trump, que como lembra a revista, acusou o STF de uma "caça às bruxas" contra Bolsonaro, impôs tarifas de 50% sobre as importações brasileiras nos EUA e decretou sanções contra o ministro Alexandre de Moraes.

Segundo a Economist, essa interferência "faz lembrar de uma época passada e desagradável, quando os Estados Unidos habitualmente desestabilizavam os países latino-americanos".

Mas, de acordo com a revista, a estratégia de Trump "provavelmente sairá pela culatra".

"Apenas 13% das exportações brasileiras vão para os Estados Unidos, e consistem principalmente de commodities, para as quais novos mercados podem ser encontrados. Os EUA já concederam inúmeras isenções. Até agora, os ataques de Trump apenas fortaleceram a posição de Lula nas pesquisas de opinião e lhe deram uma desculpa para qualquer notícia econômica ruim antes da próxima eleição, em outubro de 2026."


O que a Economist já disse sobre o Brasil


Esta não é a primeira reportagem da britânica Economist sobre o atual momento político brasileiro. Tampouco é a primeira capa dedicada pela publicação ao Brasil.

Em textos anteriores, a revista já tratou da posição do presidente Lula após ser atacado pelo presidente americano Donald Trump e alertou sobre o peso que as taxas anunciadas pelo republicado podem acabar pesando no bolso dos consumidores americanos.

Em 2009, 2013 e 2016, capas da publicação também trataram da situação política e econômica do Brasil.

A primeira capa retratava um momento em que as avaliações sobre a economia brasileira viviam um momento bom, com o título "Brasil decola". Quatro anos depois, em uma referência à reportagem anterior, a manchete da revista questionava se o país havia "estragado tudo", em meio a uma desaceleração do crescimento econômico.

Em 2015, uma outra capa previa um ano seguinte 'desastroso' para o Brasil, em meio ao governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

O que a princesa Diana 'sempre disse' sobre o príncipe William e o príncipe Harry — e por que isso dói agora

O biógrafo de Diana, Andrew Morton, diz que "não há dúvidas" de que ela teria "tentado agir como pacificadora" entre seus filhos afastados

Por Simon Perry e Janine Henni

DIRETRIZES EDITORIAIS DA PEOPLE

Princesa Diana, Príncipe William e Príncipe Harry no Palácio de Kensington em 4 de outubro de 1985.

Crédito:Biblioteca de fotos de Tim Graham via Getty 

PRECISA SABER


  • A princesa Diana enfatizou um sentimento específico sobre o príncipe William e o príncipe Harry, cujo vínculo quebrado não mostra sinais de cura 
  • Diana disse que seus filhos tinham um ao outro "por uma razão", disse seu biógrafo Andrew Morton à PEOPLE na matéria de capa exclusiva desta semana.
  • A tensão permanece entre o Príncipe de Gales, 43, e o Duque de Sussex, 40, em meio a uma amarga ruptura


A princesa Diana era inflexível em que seus filhos, o príncipe William e o príncipe Harry , deveriam estar presentes um para o outro, o que torna seu afastamento tão doloroso hoje.

"Diana sempre dizia que tinha dois meninos por um motivo — o mais novo estaria lá para apoiar o mais velho na tarefa solitária de futuro rei", disse o biógrafo de Diana, Andrew Morton, à PEOPLE na matéria de capa exclusiva desta semana. 

"Não há dúvida de que Diana teria tentado agir como uma pacificadora entre eles", diz Morton, cujo livro mais recente, Winston e os Windsors , será lançado em outubro. "Se ela estivesse por perto, eles teriam resolvido as coisas de uma maneira diferente."

Vinte e oito anos após a morte da Princesa Diana, William e Harry continuam devotados à mãe — mas seu relacionamento desgastado não mostra sinais de cura.


O Príncipe de Gales, 43, e o Duque de Sussex, 40, cresceram compartilhando uma vida real e experiências que só eles podem entender, enfrentando o divórcio escandaloso de seus pais, Diana e o futuro Rei Charles , e suportando a dor insuportável de perder sua mãe após um acidente de carro em Paris em 31 de agosto de 1997, quando tinham 15 e 12 anos.

Mas agora, eles estão em mundos diferentes.

Embora Harry tenha falado abertamente sobre sua esperança de reconciliação com sua família , fontes próximas dizem que suas ligações e mensagens para William não foram respondidas, em uma separação que se estende à próxima geração.

O Príncipe William e Kate Middleton estão criando o Príncipe George , de 12 anos, a Princesa Charlotte , de 10 anos, e o Príncipe Louis , de 7 anos, em Windsor. Do outro lado do Atlântico, os filhos do Príncipe Harry e Meghan Markle , o Príncipe Archie , de 6 anos, e a Princesa Lilibet , de 4 anos, estão crescendo em Montecito, Califórnia. Os primos não têm parentesco conhecido em meio a uma rixa familiar, que veio à tona em 2020, quando o Duque e a Duquesa de Sussex se afastaram de seus deveres reais. 

"Coisas foram ditas que desencadearam a ruptura inicial, e ela nunca foi curada", diz Morton.

O príncipe William e o príncipe Harry chegam para a inauguração da estátua de sua mãe, Diana, Princesa de Gales, no Sunken Garden do Palácio de Kensington em 1º de julho de 2021.

Yui Mok - WPA Pool/Getty Images



Apesar do abismo entre eles, ambos os irmãos permanecem unidos em um voto compartilhado: honrar a memória de sua mãe.

William seguiu seu exemplo em seu trabalho para ajudar os desabrigados , continuando com uma causa que Diana apresentou a seus filhos. 

Por sua vez, Harry encontrou sua vocação no apoio a jovens afetados pela AIDS na África Austral, seguindo os passos de sua falecida mãe. É um compromisso que o Duque de Sussex manterá após se afastar de Sentebale após uma disputa com o presidente da instituição de caridade que ele cofundou em 2006. 

Em casa, os dois filhos da Princesa Diana criaram vidas baseadas no compromisso compartilhado de proporcionar aos filhos uma educação genuinamente autêntica — " e isso é pura Diana ", diz a historiadora Amanda Foreman.

Embora o silêncio agora os separe, a influência dela continua sendo um forte vínculo que ainda molda cada passo deles

A princesa Diana, o príncipe Harry e o príncipe William visitam Thorpe Park em 13 de abril de 1993.Julian Parker/UK Press via Getty 


“Essa é a tristeza — eles não estão se apoiando como deveriam”, diz uma fonte próxima à família real. “É o que qualquer mãe desejaria — que eles estivessem lá um para o outro.”

Bethany Joy Lenz recebe mensagens diárias de mulheres em relacionamentos abusivos por causa de seu livro de memórias sobre culto (exclusivo)

A estrela de 'One Tree Hill' disse à PEOPLE que adora ouvir mulheres que entram em contato com você dizendo o quanto 'Jantar com Vampiros' as ajudou: "É isso que fica com você"

Por Gillian Telling

Diretrizes editoriais da People

Bethany Joy Lenz.

Crédito:Rodin Eckenroth/Getty

Bethany Joy Lenz é uma rainha!

A ex- estrela de One Tree Hill , 44, e autora do livro de memórias Jantar com Vampiros, foi coroada a Rainha Azaléia deste ano no 78º Festival Anual da Azaléia em Wilmington, Carolina do Norte (onde One Tree Hill foi filmado).

"É tão lindo aqui na primavera", diz Lenz sobre o retorno a Wilmington para as homenagens. "Morando lá há 10 anos, eu realmente aguardo ansiosamente a primavera todos os anos, porque é um espetáculo espetacular de flores silvestres. É tudo tão bonito e exuberante, e o festival de azaleias é uma rica tradição para celebrar o povo da Carolina do Norte, o espírito comunitário, a comunidade artística e uma oportunidade para a Carolina do Norte se exibir."

Bethany Joy Lenz, Rainha das Azaléias no Festival Anual das Azaléias em Wilmington, Carolina do Norte.

Alberto Vasari


A própria Lenz também está recebendo flores — mulheres em relacionamentos abusivos a agradecem diariamente por compartilhar sua história de vida em uma seita.


Como a estrela de One Tree Hill, Bethany Joy Lenz, foi atraída para um culto por uma década — e como ela saiu disso (exclusivo)


"O que tem sido realmente incrível são as mensagens que recebo de mulheres que estiveram em relacionamentos abusivos, ou em ambientes religiosos abusivos, ou em dinâmicas familiares tóxicas", disse ela à PEOPLE. "Recebo mensagens todos os dias de mulheres que leram o livro e foram ajudadas por ele. E é tipo, uau, foi por isso que eu o escrevi. Certo? É isso que vai durar."



Ela diz que a resposta ao livro de memórias foi mais positiva do que ela poderia ter imaginado.

"Tem sido incrível", diz ela. "Estou impressionada com a resposta e como a coisa simplesmente decolou. Acho que estou neste setor há tanto tempo que, quando vejo sucesso e penso que coisas assim acontecem, sempre levo isso com um pouco de cautela. Tipo, ok, esses são meus 15 minutos, eles vão acabar. Mas, ainda assim, estou gostando."

Livro de Bethany Joy Lenz, Jantar para Vampiros.

cortesia da Amazon



Em Dinner For Vampires: Life on a Cult TV Series (While Also in an Actual Cult!) , Lenz conta a história de como ela levava uma vida dupla, estrelando como Haley James Scott em One Tree Hill , enquanto também era devota de um pequeno grupo ultracristão liderado por um pastor obscuro em Idaho, que controlava sua carreira, escolhas de vida e, eventualmente, sua conta bancária.

Quando ela saiu, uma década depois, teve que recomeçar sem ter muito o que mostrar pelos quase dez anos que passou na série — e com um sentimento de vergonha por não  perceber que fazia parte de uma seita .

A coapresentadora do podcast Drama Queens — título que ela divide com as ex-colegas de elenco Sophia Bush e Hilarie Burton Morgan — diz que o livro ajudou alguns de seus colegas a entender melhor por que ela era do jeito que era durante o tempo em que eles estavam no programa.


"Recebi várias mensagens de membros do elenco que diziam: 'Sinto muito, eu não sabia que era isso que você estava passando'. E tem sido bom ter esse tipo de conversa franca, mesmo depois de todos esses anos. Não é engraçado como as coisas com as quais convivemos, meio que guardamos em algum lugar do nosso corpo, e mesmo 20 anos depois, ainda é bom fazer as pazes e liberá-las?"

Ela acrescenta que retornar à Carolina do Norte após o lançamento do livro tornou a viagem ainda mais agradável.

"Poder voltar, não apenas para visitar e cumprimentar os amigos, mas voltar como representante nesta semana de celebração da beleza do lugar que realmente pareceu um refúgio seguro para mim... É algo muito poético e emocional para mim."

Adolescente escapou de uma seita após se casar à força

Angela e Cade Johnson escaparam do notório culto polígamo, a Igreja Fundamentalista de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, onde foram forçados a se casar

Por KC Baker

Diretrizes editoriais da People

Cade e Angela Johnson no dia do casamento em 2003.

Crédito:Ângela Johnson


Angela e Cade Johnson se casaram em uma lavanderia em 2003, quando ela tinha 16 anos e ele 19.

Eles trocaram votos não por escolha, mas porque o famoso culto polígamo no qual cresceram — a Igreja Fundamentalista de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias — os forçou a fazê-lo.

O culto Angela e Cade nasceu e virou manchete quando seu infame "profeta" e líder Warren Jeffs foi acusado por inúmeras vítimas jovens — incluindo seus próprios filhos — de molestá-los .


Nomeado um dos Dez Mais Procurados pelo FBI após fugir do culto para evitar ser preso, Jeffs, agora com 69 anos, foi finalmente levado sob custódia em Las Vegas em 2006. Ele foi condenado cinco anos depois por duas acusações de abuso sexual infantil e sentenciado à prisão perpétua.

Por causa do tumulto na igreja na época, "não tivemos muito contato com ele", diz Angela. "Mas se você já o conheceu, ele é só um canalha. Cheio de arrogância."

Ela não gostava de como meninas e adolescentes do culto eram forçadas a se casar com homens que não conheciam. Um homem que ela conhecia tinha 24 esposas.


Dois filhos de Warren Jeffs alegam agressão sexual: "Deve ser algo que fazia parte da natureza dele"



“Casar jovem era tudo o que você era criado para fazer a vida toda”, conta Angela, agora com 38 anos, que cresceu na Colúmbia Britânica, Canadá, onde se localiza uma ramificação da seita, à revista People. “Eles nem deixavam as meninas irem além do 10º ano, porque não viam motivo para elas terem educação.”


Angela e, mais tarde, Cade, que cresceram em Hildale, Utah, nas cidades gêmeas de Hildale e Colorado City, Arizona, onde outra parte do culto estava localizada, deixaram a igreja — e um ao outro — vivendo vidas separadas até se reencontrarem vários anos depois. Hoje, eles são casados ​​e felizes e têm três filhos, de 18, 15 e 3 anos. Ambos têm carreiras. Angela é enfermeira obstétrica e Cade é piloto de helicóptero.

Cade e Angela Johnson.

Fotografia de Loretta Naylor

Olhando para trás, Angela diz: “Foi uma jornada”.


Noivos adolescentes



Angela e Cade ainda não conseguem acreditar que se casaram em uma lavanderia. Fizeram isso porque a juíza de paz que realizou a cerimônia legal necessária não tinha permissão para entrar na propriedade da igreja por ser uma "estranha", explica Angela.

Naquela noite, o casal se casou novamente em uma cerimônia religiosa. Depois disso, a recém-casada adolescente foi para casa com o marido, sentindo-se mal. "Nós dois ficamos deitados na cama, acordados, a noite toda, naquele silêncio constrangedor de 'o que diabos estamos fazendo?'", diz ela.

Cade e Angela Johnson em 2003.

Ângela Johnson


Com o passar dos dias e semanas, Angela percebeu que não queria se casar. Queria apenas ser uma adolescente normal.

“Eu tinha apenas 16 anos, então ainda queria fazer coisas que não eram permitidas na religião”, como ouvir música pop de artistas como Shania Twain e Britney Spears, ela diz.


Cade admite que ele também vinha quebrando as regras rígidas do culto. "Eu ouvia música. Eu me escondia e bebia álcool de vez em quando." Mas depois do casamento, como chefe da nova família, "percebi que era melhor nos endireitarmos".

Isso significava tentar manter sua nova noiva alinhada aos ensinamentos do culto — algo que ele realmente não queria fazer.

“Ela tinha acabado de passar por tudo isso na casa do pai e agora estava lá novamente, sendo controlada pelo novo marido, que também estava tentando descobrir”, diz ele.


Os riscos, segundo o culto, eram maiores do que nunca. "Tudo girava em torno da nossa 'salvação eterna'", diz ele.

Angela não se importou. "Eu pensei: 'Isso não é para mim'", diz ela, decidindo que estava deixando Cade.

Incomodados com a "rebeldia" de Angela, seus pais, com o apoio do culto, acabaram mandando-a para morar com uma tia que ela nunca tinha conhecido. Mas a experiência foi positiva para Angela.

“Ela foi incrível e me ajudou a me reerguer e a ver as coisas de uma perspectiva diferente”, diz ela.


Casamento 2.0



Angela ficou com a tia até junho de 2004, época em que ela e Cade começaram a conversar novamente, quando sua melhor amiga começou a namorar o melhor amigo de Cade.

Angela inicialmente queria iniciar o processo de divórcio, mas depois de passar um tempo com Cade, que diz ter "fugido" do culto, ela percebeu o quanto eles tinham em comum.

Cade e Angela Johnson depois que se reconectaram.

Ângela Johnson

“Começamos a nos ver e a conversar, e no fim, nós dois pensamos: 'Bem, você é meio legal'”, diz ela. “Eu brinco sobre isso, mas ele tirou a camisa [quando estavam nadando, e] eu fiquei tipo: 'Ah, tá. Você é legal'”, diz ela, rindo.

Mais ou menos um mês depois, eles decidiram tentar novamente, "já que já éramos casados", diz ela. "O pior que pode acontecer é nos divorciarmos."

Cade e Angela Johnson.

Ângela Johnson

O resto é história. Hoje em dia, eles continuam compartilhando uma jornada de "cura" dos traumas sofridos praticando mountain bike, snowboard, trabalhando na linha de roupas infantis de Angela, a Glimmers, e passando tempo com os filhos. "Nós permitimos que eles sejam eles mesmos e tentamos não moldá-los ou transformá-los em algo que talvez eu queira", diz Cade.

Angela acrescenta: "Tenho muito orgulho de ver o quanto meus filhos estão felizes."